"Vocês já pararam pra pensar na complexidade de um país com 11 idiomas oficiais como a África do Sul? Aqui funciona assim: o sujeito está lá vendo uma partida de futebol na televisão, narração em Inglês, quando de repente outro narrador assume o microfone e começa a contar o jogo em Zulu ou Sesotho. Acontece também na novela – os personagens mudam de língua numa mesma cena e surge uma legenda em Inglês para não deixar ninguém boiando.
Por causa desta variedade de idiomas, quase todo mundo aqui sabe pelo menos dois deles. Esta, aliás, é uma característica comum a praticamente todo o continente. Centenas de milhões de africanos aprendem suas respectivas “línguas da colonização” (normalmente inglês, francês ou português), mas não abandonam seu idioma de origem – até preferem usá-lo nas conversas entre eles.
Sim, língua é também identidade. E se a África do Sul pós-Apartheid queria construir um Estado plural, por que privilegiar apenas uma ou duas delas? Decidiu-se então que o país teria 11 idiomas oficiais. Mas como fazer o hino deste novo país?
Não dava para manter o antigo hino em Afrikaans, dos brancos de origem holandesa. Fazê-lo todo em Inglês também não adiantava, porque apesar de este ser o idioma mais falado do país é a língua-mãe de menos de 10% da população. Decidiu-se então por uma canção híbrida. A primeira estrofe, em Xhosa e Zulu, é um trecho de “Nkozi Sikelel’iAfrika” (”Deus abençoe a África”, em português), uma música que serviu como hino dos negros desde o início do século 20. A segunda estrofe é em Sesotho. A terceira, em Afrikaans, é uma parte do hino anterior. E a quarta é em Inglês.
O filme “Invictus”, sobre o Mundial de Rugby de 1995, que acaba de estrear no Brasil, conta um pouco dessa história, com Morgan Freeman no papel de Nelson Mandela (que é da etnia Xhosa).
Durante a Copa das Confederações, a FIFA experimentou tocá-lo parcialmente, como é de praxe em suas competições. Acabou causando uma grande polêmica por aqui, porque ninguém queria ver seu “pedaço” de fora. No fim das contas, o hino da África do Sul é como o país – cheio de diversidade, de divisões, mas muito bonito. Para ouvi-lo basta clicar no vídeo acima."
Vai ser uma confusão que vai dar em confusão e confundindo todo mundo. rsrsrsrs
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